
Os fatos ganham repercussões
nas páginas da imprensa, e são os mais variados possíveis, entretanto, ao fundo,
só se tem uma motivação: depreciar a imagem do negro e encará-lo como um
indivíduo inferior e subalterno em detrimento de uma raça superior e dominante,
pura e branca. Neste aspecto o racismo ganha cada vez mais espaço e se tornou
prática comum que não foram erradicadas como nos apresenta alguns indicadores
sociais.
Cito alguns dos casos mais
emblemáticos: Um deles foi o dos Deputados Gaúchos Luís Carlos Heinze (PP) e
Alceu Moreira (PMDB) que o acompanha na vergonha. Os dois proferiram discursos
de intolerância aos povos indígenas e quilombolas, e homossexuais, todos que
formam o "tudo o que não presta", na visão de Heinze. Moreira
incentivou o conflito armado, através de milícias, para a garantia das grandes
propriedades rurais. Seu modelo de "resistência é o que acontece no Pará,
estado campeão de assassinatos no campo. As declarações foram proferidas em uma
audiência pública no Rio Grande do Sul, e também durante o "leilão da
resistência", realizado para financiar o pagamento de milícias armadas
para agir nos conflitos por terra no Mato Grosso do Sul.
Os dois deputados gaúchos
falam para seus apoiadores, o seu público, é claro. Quem são seus apoiadores?
Fazendeiros, grandes ou pequenos, que estão em conflitos com o "tudo o que
não presta" do deputado. Também está junto do discurso racista os lobbies
a quem eles defendem, representam, e que pagam suas campanhas: multinacionais
do agronegócio e commodities, e a indústria de armas.
O racismo também entrou nos
campos de futebol. Em 5 de março, cerca de 20 torcedores do Esportivo, time
gaúcho de Bento Gonçalves, exibiram suas verdadeiras faces. O grupo atacou o
árbitro Márcio Chagas da Silva por causa da cor de sua pele. “Macaco”, “negrão
imundo” e “vagabundo” foram apenas alguns dos impropérios ouvidos por Chagas.
Ao chegar ao estacionamento privativo do estádio, encontrou seu carro coberto
de cascas de banana. Ao dar a partida no veículo, duas frutas caíram do cano do
escapamento. No dia seguinte, o volante Arouca do Santos foi agredido e chamado
de “macaco” por um torcedor enquanto concedia entrevistas.
A coisa não para por aí e
chegou a níveis truculentos. No dia 18 de março outro crime chocou a sociedade
civil brasileira que luta em defesa dos negros: a auxiliar de serviços gerais
Cláudia da Silva Ferreira de 38 anos saiu para ir à padaria e foi atingida por
dois tiros durante um confronto da polícia com traficantes no Rio . Cláudia foi
conduzida ao hospital no porta malas da viatura, durante o percurso a porta
traseira abriu e ela foi arrastada, onde veio a óbito.
Até quando continuaremos com
isso? Não canso de insistir na pergunta ‘evolução ou involução?’ insistimos em
dizer que evoluímos mesmo convivendo com essas barbáries. O racismo não está
simplesmente em chamar alguém de negro, mas principalmente no sentido de
diminuição do outro que a expressão encerra. Quando iremos acabar com isso?
Quando o racismo não se declara ele se realiza de forma velada numa espécie de
sentimento de ódio por parte do agressor.
Antonio Victor
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