A todo instante estamos nós a emitir julgamentos de valores sobre qualquer coisa que se nos apresente. Isso aqui é “bom” aquilo não é [...] Aquela música é linda, aquela outra é feia [...] Admiro a jornalista X em detrimento de Y. Os valores são coisas naturalmente humanas e emitir juízos embasados nos mesmos também. O fato de tratarmos com respeito ou não alguém depende do nível de caráter que se construiu até o ponto presente (falo do caráter como a somatória de valores adquiridos ao longo do tempo).

Todos sabem qual a função de uma lente óptica, hoje a maioria das pessoas as utiliza como instrumentos corretivos para distúrbios na visão. Ora, os olhos são a lâmpada do corpo, mas no processo de valoração das coisas nós usamos também o que chamo de ‘olhos da mente’, que ajuda a ver aquilo que não está implícito. Frequentemente nos enganamos com as aparências das coisas captadas pelo olhar do corpo, porque na maioria das vezes só sabemos utilizar esse sentido para nos fiarmos naquilo que se nos apresenta, e, não são raras as decepções.
Atualmente, a nossa mentalidade tem sido formada de maneira dinâmica, temos os celulares, cada vez mais modernos, temos a mídia televisionada, impressa e presentes também na rede mundial de computadores, além das emissoras de radiodifusão. Assim, estamos acossados por uma infinidade de informações que nos deixam mais confusos que informados, já que não sabemos a origem verdadeira do que foi veiculado e até que ponto tal conjectura se configura em parte tendenciosa.
O que tenho observado é que apesar de toda essa informação a humanidade está mais regressa. Temos um afeiçoado gosto pelo trágico e pelo polêmico, subjugando em grau de menor importância matérias de personalidades ‘gloriosas’, que contribuíram para algo em nossa sociedade. Isso é tão pertinente que a mídia, por exemplo, é capaz de criar nossos deuses e demônios, penso como isso é prejudicial. Enquanto uma pessoa, por exemplo, se esforça para fazer 98% do bem que pode oferecer à humanidade, esta não goza de holofotes, se por acaso ela cometer qualquer erro, por mais trivial que seja terá toda a sua benevolência esquecida e será lembrada simplesmente pelo seu erro. Isto porque vivemos num estado endêmico de hipocrisia, o que sustenta o mundo é a mentira, desafio quem quer que seja a fazer um resumo dos maiores nomes desta humanidade e me dizer por qual razão a maioria foram perseguidos e humilhados e no pós-morte enaltecidos? Por defenderem aquilo que a humanidade mais detesta: a verdade! Não vou longe, só citarei o nome de um deles: JESUS.
O caso do professor Antônio Kubitsheck no DF que elaborou uma questão sobre Valesca Poposuda ilustra muito bem isso. “Tivemos um debate em sala de aula sobre a formação moral, a formação dos alunos, e veio a discussão de como a imprensa participa desses novos valores que vão surgindo. Isso gerou polêmica, e resolvi testar. Há 15 dias tivemos uma exposição fotográfica com fotos tiradas pelos alunos, e a imprensa não veio participar. Resolvi então colocar na minha prova uma questão que gerasse polêmica e chegasse na rede social, que aí, em algum momento, um órgão da imprensa iria pegar”, relata.  Para o professor, a grande repercussão que o assunto adquiriu demonstra que a imprensa está mais interessada em dar destaque a questões sensacionalistas. “Até então havia uma dúvida se a imprensa é sensacionalista ou não, e a dúvida foi tirada com a polêmica. A imprensa demonstrou que hoje está mais interessada no sensacionalismo e pouco interessada em uma boa formação”, avalia Antônio Kubitschek.

 Quem são nossos heróis? Neymar? Ganso? Lula? Dilma? Fernando Henrique? O que sobrará nesta sociedade anêmica e sem limites estabelecidos? Os padres são pedófilos, os pastores ladrões, Jesus um fracassado que morreu por amor, os políticos corruptos, o professor um descomprometido que só vai à escola ganhar o dinheiro dele, o policial é um exterminador... E, por aí vai. A ética passa longe de muita gente. As nossas lentes de aumento só servem para o erro alheio, para o nosso usamos as divergentes mesmo!