Já não é mais segredo o fato de a violência no Maranhão estar realmente incontrolável. Claro, que há quem diga, inclusive a própria governadora do Maranhão, a digníssima senhora Roseana Sarney, que a violência não é exclusividade só de seu redil, mas sim de todo o Brasil.
Eu morei dois anos em Imperatriz-MA e dois anos consecutivos em São Luís-MA, posso dizer que conheço algo da realidade social do Maranhão. Naquela época a insegurança já era muito grande, frequentemente a mídia de esquerda publicava matérias sobre a corrupção dentro dos vários níveis de carreira da polícia Civil e Militar, sem contar nos problemas infraestruturais com relação ao efetivo, aquilo enchia a população de temor e não era raro você sair de casa e ver vários delitos acontecerem em "plena luz do dia".
Estava eu ainda na ilha de São Luís quando houve a deposição do ex-governador Jackson Lago (PDT), por meio das artimanhas da família Sarney, observei atentamente a forma como os populares receberam Roseana, com faixas e brados que diziam: "Viva a democracia, a guerreira está de volta!"; "É o Maranhão pra frente outra vez!" [...]. O povo sem memória, torna-se cúmplice das suas próprias mazelas, já que hoje  enquanto muitos estão pagando com a própria vida o preço da manutenção de uma oligarquia, a "guerreira" come lagosta e usufrui ao máximo das benesses do seu posto, só que eu mesmo nunca vi um "guerreiro" que se preze abandonar o seu povo nas horas de dificuldades.
A passividade do  brasileiro o faz criticar momentaneamente as estruturas de poder frente aos acontecimentos sazonais, entretanto não estimula um lapso sequer da memória social de sua própria conjuntura em questão, nem o impele a fazer o mínimo possível pela cidadania. São esses perfis que nas eleições cometem os mesmos erros, se deixam levar pelos discursos maquiados e pela propaganda barata que fazem os políticos nos meios midiáticos. A realidade social do Brasil é muito complexa, as pessoas que aqui vivem são o reflexo desta engenhosidade estrutural.
Pude viver de perto o estopim desta crise na segurança pública do Maranhão. Estava na capital do estado em outubro quando aconteceu a decapitação dos presos, e ao passar pelas ruas da cidade vi os jornais que não economizavam em imagens e textos escritos em vermelho sangue os últimos acontecimentos. 
O pânico se instalava na cidade, as pessoas se apavoraram principalmente no dia 07/10 quando espalhou-se a notícia de que arrastões estavam acontecendo nas mais diversas partes da cidade. Vi de perto o corre corre e o fechamento abrupto das lojas. Imediatamente o governo resolveu colocar nos principais meios de comunicação que tudo aquilo não passava de um boato, para mascarar a verdadeira situação. Desse período em diante as ocorrências continuaram e tornaram-se cruciais para que o Brasil percebesse que algo está errado no Maranhão. O governo precisa fazer algo por aquela população que está sofrendo injustamente pela incompetência dos seus gestores. O sistema carcerário brasileiro é pré-histórico, e buscar a gênese da violência  não nos permitiria resumir em apenas duas ou três palavras aquilo que deveria ser feito para que o povo aqui não fosse tão selvagem. Leis são tantas, só não são à mesma proporção a aplicação das mesmas, o acesso á justiça é muito precário, a maioria dos crimes prescrevem e só uma pequena parcela deles vão á julgamento, a maior parte do sofrimento fica pra quem perde um ente querido para a violência, esses são os  verdadeiros encarcerados, abandonados pelo sistema, sistema esse que ainda paga benefício para presidiários, que chega a ser superior ao próprio salário mínimo do trabalhador.
Os políticos brasileiros em nada se identificam com a população, a maioria deles não moram nas cidades ou Estados que governam, não sofrem os dramas da mobilidade urbana, da saúde, da educação, da segurança e vivem de privilégios cada vez mais onerosos aos cofres públicos, que retira da população os seus recursos sem escusas. A máquina pública se transformou num jogo de xadrez onde só os mais espertos e inteligentes conseguem atingir os fins almejados, enquanto isso, a ignorância da nossa gente é o combustível que sustenta a ganância e os interesses dessa máfia de colarinho branco.
Continuaremos por muitos anos a ver campanhas políticas com tons de verdadeiros shows, e político marqueteiro virar produto de vitrine, porque sempre haverá alguém para aplaudi-lo diante das suas mentiras ilustradas. Dramas como o vivido pela população do Maranhão se repetirá em vários outros estados e seguiremos fingindo que está tudo bem, aliás, não podemos dizer o contrário já que temos Carnaval e Futebol não é mesmo?!.
Rezo para que Deus ajude o povo do Maranhão neste momento difícil, seja e esperança e conforto para os familiares das vítimas dessa guerra desigual. Frente a injustiça humana ele também sofre com seus filhos amados.