No feriado da independência recordamos o dia que o Brasil deixou de ser colônia de Portugal e passou a ser uma nação livre. No dia 07 de setembro de 1822, às margens do riacho do Ipiranga, na atual cidade de São Paulo, Dom Pedro I deu o brado que transformaria a então colônia em uma monarquia, onde o próprio príncipe seria o imperador.

É óbvio que uma mudança política não se faria sentir do dia para noite. Por essa razão, a história política do Brasil vai confirmar que o processo de independência foi acontecendo ao longo dos anos, pois várias revoltas ocorreram nas províncias do território brasileiro (antigas capitanias).
 

O que pouca gente sabe é que Pernambuco foi a primeira província a declarar independência do Reino de Portugal, isso aconteceu no dia 29 de agosto de 1821, através de uma revolução que ficou conhecida como Convenção de Beberibe, a qual expulsou o governador Luís do Rego Barreto e todo o exército português do território pernambucano.  O movimento inspirou outras províncias como a da Cisplatina, a do Piauí, e a do Maranhão e Grão-Pará.
 

O tempo passou e o Brasil do século XXI está muito diferente daquele herdado dos nossos antepassados. Portugal, ao contrário do que era antes, hoje é um país decadente que acumula muitos problemas econômicos, sem falar no dilema da corrupção. O país que nos explorava, hoje é considerado a periferia da Europa, vivendo apenas do seu passado brioso, de antiga metrópole.
 

Hoje o Brasil é um dos países mais ricos do planeta, afirmo isso sem medo de cometer erro conceitual. Toda a atenção da comunidade internacional para com o nosso país reside no fato de que a sobrevivência de muitas nações depende da nossa riqueza mineral, agropecuária e da biodiversidade. Ao falarmos de independência hoje, não poderia deixar de mencionar a importância da valorização, enquanto membros dessa nação, da nossa história republicana e da nossa pátria. Patriotismo não é coisa de gente burra, néscio é aquele ou aquela que pensa assim.
 

Se hoje, por exemplo, o dilema da corrupção invade diariamente a nossa casa e compromete a nossa vida em sociedade, tenha certeza que temos parte no problema e isso em nada justifica a falta de amor pela pátria, pelo contrário, é o reflexo da ausência desse sentimento que causa tanto desgaste a esse continente chamado Brasil.
 

Temos o hábito de não participarmos da política e julgamos que o problema da corrupção é exclusividade de vereadores, prefeitos, governadores, deputados e senadores ou mesmo do presidente da República (”Não existe político corrupto com sociedade honesta”, ok?). Observo diariamente nas redes sociais, pessoas reclamando sobre toda sorte de coisas (até do vento, se deixar), porém não vejo compromisso dessas mesmas figuras em assumir os espaços adequados de discussão de modo a se empenharem a resolver determinados problemas. Por trás da tela do computador ou do “smartphone”, é muito fácil esbravejar descontentamentos, difícil é se organizar e partir para a ação social no sentido de lutar pela melhoria da sociedade na qual o próprio indivíduo vive, através de atitudes concretas.
 

Precisa-se de material humano para se construir um país. Enquanto não superarmos o dilema do individualismo, da corrupção decorrente do favorecimento pessoal e do analfabetismo político, não lograremos êxito na solução deste e de muitos outros problemas da nossa república. Contudo, precisamos começar logo a construir o país que queremos. O nosso futuro depende muito das decisões que tomamos hoje. Insistir em banalizar a política simplesmente porque escolhemos mal nossos representantes e não assumimos isso (é mais fácil dizer que o político é o culpado) não é o caminho mais sensato, pelo contrário, só aprofunda nossos problemas sociais.
 

Que nesse dia da independência, aprendamos a tirarmos a “bunda do sofá” e a fazer alguma coisa pelo país no qual vivemos, agindo com a mesma coerência e ética que cobramos dos políticos brasileiros, caso contrário, o destino dessa nação pode ser muito incerto.

Antonio Victor

Professor, jornalista e palestrante