Antonio Victor com o Dep. Federal Kim Kataguiri (DEM-SP), no Hotel Brasília Golden Palace.
 

As eleições municipais de 2020 já é considerada um dos pleitos mais desafiadores dos últimos dez anos, por conta do cenário de pandemia da COVID-19. Contudo, para jovens candidatos o mais difícil não é seguir os cuidados sanitários, mas sim conseguir espaço no meio de políticos tradicionais, os quais detêm certa hegemonia na política local. 

Em entrevista para a ASCOM, o jovem Antonio Victor, de 28 anos que é candidato a vereador por Capanema pelo Partido Republicanos falou sobre os desafios de ser um jovem candidato que defende a causa da renovação na política municipal.

ASCOM - Quais os principais entraves encontrados até aqui em sua campanha política?

Antonio - "A cultura de dominação implantada no município. Posso dizer que esse é o maior dos entraves que tenho encontrado na política. Quando falo de cultura de dominação estou me referindo àquela prática das pessoas vincularem o voto a algum benefício recebido por parte do político, isso acaba por dominar as pessoas. O chamado "voto de gratidão" prejudica muito qualquer proposta de renovação, porque ela morre na porta desse eleitor. Pra mim que estudei filosofia, é mais fácil de compreender que o político tem que trabalhar pelo coletivo e não para as pessoas individualmente, porém para quem não se oportunizou esse aprendizado por alguma razão, fica mais difícil apreender tais valores. Eu sei que as pessoas mais humildes sofrem bastante e que ajudas desse tipo tem o poder de resolver aquele ou outro problema particular, porém, não são apenas as pessoas de baixa renda que se rendem a esse tipo de política, também pessoas de classe média-alta entram nessa contabilidade. No médio e longo prazo, o efeito dessa cutura resulta no atraso social do município. O segundo maior desafio é conseguir espaço para falar das minhas propostas nas reuniões políticas, há um certo predomínio da política tradicional nesses eventos. Sobra pouco espaço de fala para um jovem como eu. O cenário político em Capanema ainda é hostil para jovens com discurso de renovação".

ASCOM - Você tinha consciência de que essa situação poderia impactar o seu trabalho como candidato ou foi pego de surpresa? 

Antonio -"Eu já esperava por isso. Como pesquisador do comportamento humano e social, eu já vinha observando a ocorrência desse fenômeno. Na verdade eu não caí de paraquedas na política, voto desde os 16 anos e desde os 18 eu sou filiado a partido político já tendo assumido várias funções de liderança. Contudo só decidi me candidatar em 2020 por entender que eu precisava estar bastante preparado para assumir o desafio de representar o povo e oferecer uma proposta consistente de mudança social no município".

ASCOM - Você tem 28 anos. Por que você se considera um "jovem" na política que defende princípios e valores de renovação?

Antonio - "(Risos) Alguns jovens me fazem essa pergunta. Acho que a idade é apenas uma referência temporal para o ser humano. A psicologia do desenvolvimento humano já comprova que a idade mental é quem realmente define a forma como o indivíduo percebe e responde ao mundo através do comportamento e não a idade cronológica. Existem pessoas, por exemplo, com 40 anos, que agem como adolescentes. Bom, eu me considero jovem porque 28 anos pra mim é relativamente pouco tempo de existência para uma pessoa, considerando a expectativa de vida no Brasil. Em sintonia com isso, também o Estatuto da Juventude, que é a Lei 12.852/2013, define no Artigo 1º § 1 que é considerado jovem no Brasil as pessoas entre 15 e 29 anos. Então [...] estou na faixa (risos)".

ASCOM - Então, por que você se considera uma "voz" pela juventude?

Antonio - "Além de ser jovem eu entendo de juventude, trabalhei 12 anos da minha vida com jovens e sei muito bem dos seus medos, perspectivas e anseios. Falando do "ser jovem" em Capanema, posso afirmar que ser jovem aqui é muito difícil, considerando a falta de políticas públicas (esporte, saúde, lazer, formação profissional, empregabilidade, etc...). Os políticos "tradicionais" ainda que queiram ousar falar de juventude, não entendem essa complexidade toda, por questões muito simples: viveram e nasceram em outra geração. Há quem afirme que a cada 10 anos se muda a geração. Quem viveu em um mundo completamente diferente e não se deu ao trabalho de acompanhar e estudar como as gerações se comportam, não possui a mínima condição de formular bons projetos que resultem em algo positivo para o jovem capanemense. Ser jovem aqui não pode ser só sinônimo de jogar futebol e ouvir sertanejo, tem uma série de outras questões por de trás do que vemos".

ASCOM - O partido que você está atualmente consegue representar seus anseios como jovem?

Antonio - "Com a explosão de escândalos políticos no Brasil, os partidos políticos estão bastante desprestigiados em nossa sociedade. Porém, como jornalista, posso afirmar que a grande mídia é muito seletiva na forma como as notícias são tratadas. É muito difícil você ver e ouvir um grande meio de comunicação falar do que funciona e daquilo que dá certo, praticamente não há espaço para esse tipo de notícia. Eu sou filiado a partido desde os 18 anos. Ainda acredito que essa é uma forma válida de se fazer política no Brasil, inclusive no passado já cheguei a defender candidaturas avulsas, mas hoje percebo o perigo que isso representaria para o país. Nossa democracia é muito sólida, embora haja tentativas de interferência em nossa soberania, como tem acontecido nos países vizinhos. O que quero dizer com tudo isso? Que infelizmente a população vive sendo manipulada pelos grandes meios de comunicação e por pessoas que detêm o poder nas redes sociais, as quais dissemina a ideia de que a política no Brasil não presta. Temos divergências e contradições, mas isso é natural em uma democracia, o que não é aceitável é a corrupção, mas infelizmente é uma realidade criada extamente pelo afastamento das pessoas da política. Eu hoje estou muito bem no Republicanos 10, é um partido incrível, muito diferente daqueles pelos quais já passei. Acho que essa parceria será duradoura".

ASCOM - Para encerrarmos nossa entrevista, por que você escolheu apoiar a reeleição do prefeito Chico Neto, já que ele é um político tradicional do município?

Antonio - "Bom, essa é a terceira vez que apoio o Chico para a prefeitura do município. As razões são muito óbvias: O Chico é uma das nossas maiores expressões políticas. É capanemense e no último mandato, conseguiu traduzir muito bem as necessidades do povo em resultado para o município. Isso é um fato indiscutível. Ser prefeito é um missão muito difícil, que exige uma série de competências por parte do candidato. No momento eu não vejo outra liderança que apresente as condições para substituí-lo. Sinto que o governo do Chico é de fato muito tradicional, praticamente não existe espaço para a juventude, esse é um ponto negativo [...] políticos mais experientes, costumam não acreditar no potencial da juventude, o jovem ainda é visto como aquele que não sabe muito bem das coisas e que desconhece a realidade. É uma mentalidade conservadora e bastante equivocada, o que vai na contramão da tendência da política nacional. Basta olharmos o quadro de secretários municipais, você não vê um jovem assumindo um papel de destaque na liderança política do governo. Eu como jovem, particularmente, considerando meu perfil, jamais teria interesse de assumir uma pasta sem ter autonomia para trabalhar. Acho que competência e capacidade de articulação política, devem ser virtudes mais valorizadas. Todo bom líder precisa ser maduro suficiente para receber críticas e melhorar continuamente".

Informou:

ASCOM - Assessoria de Comunicação