Recentemente li um artigo do sociólogo brasileiro Francisco de Oliveira sobre os protestos ocorridos no país há alguns dias atrás. Ele afirmou que as manifestações no Brasil não foram nada demais e que ele desconhecia os motivos que haviam levado as pessoas às ruas. Segundo ele as manifestações não teriam peso para mudar em nada a realidade nacional.


Não sei como você leitor recebe as colocações deste sociólogo, porém, não seria possível ir muito longe com essa ideia dele, a pesar das complexidades sócio econômicas do Brasil, posso afirmar que respiramos atualmente um clima tenso no aspecto das reivindicações e mudanças que estão sendo exigidas a curto prazo.
 A semana que se passou foi repleta de muitas manifestações no país, dessa vez, elas emergiram de um setor que por muitos anos fez a hora e a história desse país: o sindicalismo. Depois das últimas revoluções ocorridas num passado não muito distante onde os movimentos sindicais protagonizaram conquistas importantes na construção da democracia, eles voltam a aparecer em meio a essa conjuntura para mostrar o seu caráter e a sua força em luta das camadas popular e trabalhadora, mais afetadas pelos descasos da administração pública e à espoliação do capital.
Desde a última aparição de Dilma nas emissoras de televisão, onde ela falou sobre esses eventos que estavam acontecendo, houve alguns que ficaram muito felizes por esta atitude “louvável”. Comparei tal afirmação como a metáfora da criança que ganha um pirulito dos pais para acalmar-se. Mais uma vez o governo tentou manobrar o povo com o intuito de matar as pessoas no cansaço, como de praxe.
Talvez os setores manifestantes tenham notado que até agora quase nada foi feito. Não vemos nem sequer um aquecimento por parte do governo para mobilizar-se no afã de atender à demanda dos movimentos sociais. Só vemos e ouvimos a emplumada serpente do assistencialismo Dilma imperar ficando as outras demandas em um discurso prometeico para o próximo futuro. O povo brasileiro sofre muito! Os trabalhadores são diariamente violentados, usurpados pelos vândalos do sistema. Não é justo que os mantenedores de toda essa máquina – o povo que paga impostos – sejam marginalizados enquanto os que usufruem – toda a espécie de políticos descomprometidos e oportunistas – estejam contando vantagem em cima da alienação de muitos na hora do voto.
Fico feliz, particularmente, por ver os sindicatos, representantes de vários setores da classe trabalhadora nas ruas desse país em marcha contra as desigualdades, em busca de mais uma libertação do Egito que transformou em um verdadeiro deserto a vida de muitas pessoas aqui no Brasil. Em luta contra os desmandos de uma parcela de marxistas incompetentes que esqueceram que um dia eles também estiveram nas grandes greves ocorridas no Brasil na década de 80 até pegarem o poder.
Não estou gastando meus insights aqui para fazer política partidária. Desde o processo de redemocratização do Brasil o que se percebe até hoje são falhas muito graves deixadas pelos seus comandantes. Que o sindicalismo contemporâneo mostre a sua força e façam das ruas do Brasil o seu areópago. Mudanças são necessárias, que os ventos soprem a nosso favor.
Forte abraço a todos!