A palavra dignidade carrega um
grande sentido, pois envolve as mais diversas dimensões do existir social do
homem. Falamos tanto em dignidade no século XXI como nunca antes visto; a
Constituição, as leis, os códigos, os debates filosóficos, os juristas.... Enfim,
muitos usam e abusam desta palavra. Entretanto, não sei concluir se ela é uma
realidade ou uma quimera em nossos tempos, não sei se ela caberia nos estreitos
espaços do capitalismo contemporâneo, tutor da desigualdade social entre as
pessoas. Estamos tão acostumados com as coisas assim que, riqueza e pobreza não
faz muita diferença nesse país, e chegam até se confundir em alguns momentos devido
à tinta barata das propagandas govenamentistas que afirmam convictamente que o
poder aquisitivo das pessoas aumentou nos últimos tempos.
Não me sai da memória as
imagens de pessoas que vivem nos grandes e pequenos lixões da vida e das
cidades. São casos de brasileiros que não foram contemplados com as benesses
dos discursos democráticos do respeito e da igualdade para todos. Levam seus
dias aventurando-se entre a dignidade e o lixo, dignidade essa que talvez nunca
soubessem que existiu para eles.
Em pleno curso do século XXI a
política de tratamento de resíduos compreende um desafio distante de ser
superado por pequenos, grandes e médios municípios deste país. O lixo é um dos
muitos problemas que a nossa geração enfrenta na luta por um meio ambiente mais
sustentável, seja porque consiste num alto investimento em tecnologia para a sua
gestão seja devido à lentidão na mudança de mentalidade das pessoas.
Como falei anteriormente, por
trás dos graves problemas que o despejo indiscriminado do lixo em áreas
próximas do município gera ainda temos a triste sorte de constatar que pessoas,
em estado de vulnerabilidade social, vivem a habitar aqueles espaços e dali
procuram tirar o seu sustento separando materiais recicláveis para vender em
cooperativas que se utilizam desses materiais. Só que um lixão possui uma série
de organismos nocivos à saúde humana, o que pode afetar o estado de saúde
desses moradores consistindo, portanto, num agravante na condição de vida
desses cidadãos.
O fato é preocupante! Como
podemos pensar nos Objetivos do Milênio (ODM) da ONU, que visam à superação da
pobreza e da desigualdade social no mundo; nos conselhos e organismos de meio
ambiente dos órgãos de governo e tantos outros instrumentos sociais, se o
mundo, o Brasil e até mesmo a nossa cidade não consegue desenvolver políticas
públicas que se empenhe em transpor essas barreiras?!
Enquanto gastamos nossas
palavras, a vida daquelas pessoas, severinas e escamoteadas pela grande maioria
da sociedade, não muda, não se transforma, não faz parte dos indicadores
sociais que resumem em números aqueles que deixaram a linha da sub-humanidade.
Infelizmente esquecemo-nos desses irmãos que precisam da nossa ajuda e mais do
que nunca, carecem da atenção do governo para serem atendidas em suas
necessidades mínimas. Vivem na encruzilhada entre a dignidade e o lixo!
Um forte abraço a todos!
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