Somos feitos no tempo... A cada instante que passou produzimos a nossa história. É assim que se sucedem os nossos dias. É curioso como se organiza a nossa forma de viver, precisamos nos comunicar produzir artefatos que nos auxiliem em nossa sobrevivência, comunicar nossas ideias, expressar nossas emoções. Construímos várias representações a partir daquilo que nós entendemos ser o mundo que nos envolve.
Para cada época o homem encontrou uma forma própria de se produzir. De interagir com a natureza, de ingressar na memória imaterial dos tempos. Tudo isso é muito real. A cultura é algo que nos envolve de forma misteriosa. Compreender suas várias formas de manifestação seja nos campos artísticos, linguísticos, como também sua presença nas relações homem sociedade contribui para o seu reconhecimento como uma força vital para existência de qualquer comunidade.
E por falar em cultura, por vezes fico a pensar sobre a situação em que se encontra este elemento tão importante de nossas vidas em nossa cidade, já que Capanema passa por um momento de crise em relação à sua identidade cultural, pois o que temos são muitos fragmentos de uma identidade híbrida que não valoriza aquilo que se constrói no seio da nossa civilização e que, sobretudo apresenta-se carregada de modismos superficiais.
Em debate sobre a cultura do município na ACLA
Com o cantor da terra Maurício Camargo
Em recente reunião na Academia Capanemense de Letras afirmei em meu pronunciamento que a cultura de Capanema não está tão morta como se parece, ao contrário das impressões, posso afirmar que o que está realmente acontecendo é que os nossos artistas permanecem no anonimato, ou seja, nos subsolos, pelo simples fato de não serem reconhecidos como deveriam, muito menos incentivados a mostrar aquilo que fazem de melhor. Por exemplo, na festa de Corpus Christi, somos surpreendidos com belíssimos tapetes coloridos que nada mais nada menos são verdadeiros exemplos de que temos muitos talentos que infelizmente não encontram espaço para desenvolverem as suas habilidades.
Jamais pensei que Capanema estivesse tão “atrasada” em relação à natureza dos eventos culturais. Até mesmo porque é raríssimo eles acontecerem, na maioria das vezes são verdadeiras paráfrases daquilo que realmente devia ser. São louváveis as iniciativas de associações culturais que tomam a frente e ainda desenvolvem projetos voltados pra essa área, no entanto, elas enfrentam muitas dificuldades, pois na maioria das vezes falta recurso.
Uma coisa é certa: precisamos acordar de uma vez por todas desta sonolência. Nossos jovens – Digo isso por que ouvi deles – reclamam por uma cidade que promova mais eventos voltados para a cultura e arte. A arte é a forma pela qual o homem se eterniza. Ela guarda em suas entrelinhas as marcas dos nossos sentimentos... Dos nossos mistérios na ampulheta do tempo. A cor da nossa cultura é azul e amarelo, belíssimas cores da bandeira daquela que um dia foi chamada Siqueira Campos.

Uma ótima semana a todos!