Quem acompanhou a recente divulgação dos dados relativos ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD lançado no dia 24/07 na cidade de Tóquio no Japão talvez tenha se assustado com o 79º lugar do Brasil no Ranking do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH. Para os mais otimistas, a posição é satisfatória considerando-se o fato de que de 1980 a 2013 o Brasil foi o país que mais cresceu em toda a América Latina e Caribe, para outros especialistas o Desenvolvimento Humano do Brasil ainda é baixo, caracterizando uma desaceleração.

O IDH é um índice comparativo que mede o grau de desenvolvimento humano de um país ou região levando em consideração a expectativa de vida, a evolução das políticas públicas no âmbito da saúde, educação e distribuição de renda. Neste aspecto o IDH é um estímulo para que a qualidade de vida das populações se desenvolva em três dimensões: uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento, um padrão de vida decente. Isto só é possível através do compromisso dos governos com a qualidade das políticas públicas.

Se o índice levasse em consideração também os critérios de desigualdade, o Brasil cairia 26%, ou seja, perderia 16 colocações no Ranking, apresentando elevados índices de desigualdade. Neste sentido, observa-se que as macro regiões brasileiras apresentam crescimentos diferenciados, as que mais sofrem são o Norte e o Nordeste.
Quando se compara o desenvolvimento dos estados e municípios nestas regiões, os dados ainda não são satisfatórios. O último relatório foi expedido em 2010 com base nos Censos de 1991, 2000 e 2010. Capanema, naquela época, ocupava o 3008º lugar no Ranking com 0,655 de IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal); 0,610 de IDHM de Renda; 0,794 de IDHM de Longevidade e 0,580 de IDHM de Educação. (Fonte: PNUD. Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/Ranking-IDHM-Municipios-2010.aspx . Acesso em 26/07/2014). 

 Vale ressaltar que a escala vai de 0 a 1, quanto mais os números se aproximam de 1 mais desenvolvido está o lugar em questão, o contrário também é válido.
Quatro anos se passaram após a divulgação destes resultados, e, no caso específico do nosso município, a pergunta que nos intriga é: Capanema poderá ter avançado no Desenvolvimento Humano?

A resposta não é técnica, mas especulativa e está diretamente associada ao conhecimento empírico do autor. No que tange à nossa conjuntura sócio política, Capanema apresenta traços de um município marcado pelo fenômeno do aumento populacional, neste contexto, as demandas sociais pré-existentes até 2010 (ano da publicação do relatório do PNUD) aumentaram significativamente deixando traços cada vez mais expressivos da condição de município referencial para outras unidades administrativas de menor contingente. Neste sentido, a população vizinha se faz dependente também das políticas públicas em Capanema na área de saúde, educação, emprego e moradia, os dois últimos associam-se à qualidade de vida. A ocupação demográfica expandiu-se notoriamente, originando novas agremiações populacionais com problemas sociais diversificados.

Assim, as preocupações para a expansão das políticas públicas se fizeram mais urgentes. O saneamento básico ainda é uma quimera não só em Capanema, como também em todo o Estado, a oportunidade de acesso à educação ainda é baixa levando em consideração a abrangência das várias fases de ensino seja na zona urbana como na rural.

A luta por oportunidades ao emprego formal e, portanto, de acesso à renda digna, ainda consistem num grande desafio haja vista as fortes desigualdades econômicas e a elevada concentração de renda presente no município (isso é retrato de todo o Brasil), conduzindo uma parcela significativa ao segmento da economia informal, que não para de crescer.
No âmbito da saúde os investimentos, nos últimos dez anos foram importantes, entretanto, como a cidade serve a outros municípios, mesmo com as pactuações, não têm sido suficientes para prover os usuários na média e alta complexidade, situação que pode ser dirimida com a futura implantação de mais um hospital no município e o fortalecimento das UBS.

 De maneira geral, portanto, houve uma delonga no desenvolvimento dos países, as medidas adotadas ainda são muito tímidas no que tange à consolidação de um projeto focado no Desenvolvimento Humano, o endividamento das prefeituras também é um agravo, pois impede o repasse de recursos importantes. 

Gostaria de destacar que quando o assunto é IDHM, a responsabilidade não recai somente na esfera municipal, mas depende da cooperação de todos os entes envolvidos a nível Federal e Estadual também. Precisamos ser otimistas e perceber que a pobreza e a desigualdade ainda são nossos maiores vilões, o peso desta realidade só sente quem integra os grupos em estado de vulnerabilidade social. Mas ela pode ser superada e se existe é porque há geradores desta.