O dia 05 de outubro de 2014 pôs fim à primeira fase da novela eleitoral. As eleições deste ano figuraram como uma das mais curiosas da história desse país. Os resultados foram realmente surpreendentes e nos fazem pensar na seguinte questão: De quem realmente é a política nesse país?

Partindo dos candidatos à presidência, não houve muitas novidades nas figuras que se apresentaram. Em meio a muitas mudanças, principalmente a partir da morte de Eduardo Campos, que causou uma espécie de comoção nacional, a corrida presidencial ficou ainda mais acirrada, principalmente quando Marina assumiu o pelotão de frente da campanha do ex-governador de Pernambuco pelo PSB.

 No palco dos debates, a tríade Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva, lavaram toda a roupa suja, no meio do fogo cruzado, ficou o eleitor que cada dia restava mais confuso se naquela ocasião discutia-se o futuro do Brasil ou o futuro particular de suas legendas, já que novamente acabou-se por formar a tão conhecida  bipolaridade entre PSDB e PT, ou seja, isso não é mais nenhuma novidade.

A famosa briga entre Levy Fidélix do PRTB e Luciana Genro do PSOL inflamou uma parcela da sociedade brasileira e garantiu preciosas críticas da opinião pública além de suscitar o ódio dos grupos LGBTS para com Fidélix. Genro ficou no 4º Lugar com 1.612.186 e demonstrou que não é tão ‘nanica’ assim em detrimento dos 446.878 votos do candidato do aero trem, defensor da ‘família e dos valores tradicionais’ como o mesmo assim definiu o seu posicionamento no debate da rede Record.

Os grupos de comunicação assumiram suas posições nesse jogo e não deixaram neutros seus comentários em seus sites, jornais, revistas etc. As tendências ficaram mais evidentes, a imparcialidade desapareceu e o assunto política foi um dos mais ventilados e comentados nas redes sociais acalorando as discussões entre os eleitores munidos de dados, gráficos, análises por especialistas e os mais diversos documentos de dito ‘sigilo’.

O resultado surpreendeu e evidenciou que pesquisa não computa votos, sua única finalidade é senão induzir o eleitor para integrar os currais eleitorais. Marina ficou literalmente fora do ‘reality show’ surpreendendo os 'marineiros' que esperavam um segundo turno com a candidata Dilma Rousseff. A comoção causada pela morte de Eduardo, como qualquer sentimento, logo passou e a ex-senadora experimentou as amarguras impostas pela turma do PT, seu antigo partido, o que de certa forma refletiu nas urnas.

 Aécio agora está frente a frente com sua adversária e o sonho dos tucanos de tomar o Brasil de volta poderia estar próximo de se concretizar, se não fosse a vantagem da petista nas regiões mais pobres do país onde o PT tirou saldo positivo com mais da metade do eleitorado nos Estados das regiões Norte e Nordeste - Os causos republicanos da política do ‘café com leite’ e do ‘pão e circo’ se repetem!

No Pará, o quase empate técnico entre os candidatos Helder Barbalho e Simão Jatene, que voltam a se enfrentar no segundo turno, coloca em evidência uma fase política conturbada na conjuntura paraense. Poderíamos falar numa espécie de luta entre tradição (PSDB) e ruptura (PMDB)?! O povo demonstrou que está confuso em relação ao futuro do Estado. Diferente do que ocorreu no Maranhão, que a maioria da população esteve convicta da eleição de Flávio Dino que representou vitória contra a oligarquia da família Sarney.

A disputa pela câmara e o senado federal confirma um cenário geral onde se pode constatar a quem pertence realmente a política brasileira. Analisando a declaração de bens dos candidatos eleitos pode-se identificar que o time é formado majoritariamente por pessoas ricas e até milionárias, que investiram massivamente em suas campanhas e, portanto, ousam representar os pobres e oprimidos que somam um maior número. O Pará decidiu por Paulo Rocha, apesar das polêmicas envolvendo o seu nome no escândalo do mensalão.

Para a Assembleia Legislativa no Pará a disputa foi acirrada. Capanema ganhou dois deputados Estaduais, Dr. Eduardo Costa do PTB que foi reeleito com 43.783 votos e Dr. Jaques Neves do PSC que ganhou na primeira tentativa e somou 12.952 votos. O município não conseguiu eleger nenhum deputado federal genuinamente capanemense.

Como podemos perceber o difícil mundo da política demonstra como cada eleição é uma incógnita e que não se podem prever os resultados de uma campanha com pesquisas encomendadas ou discursos inflacionados. A empolgação acaba por suprimir a consistência das propostas e a realidade que encerra o processo eletivo pode decepcionar os que sofrem de excesso de confiança.