A situação não está nada fácil para o brasileiro. O impacto da pandemia da COVID-19 já se faz sentir na economia do país. Isso significa que a conta do vírus e da corrupção chegou para o brasileiro. Como se não bastasse o aumento exponencial no número de mortes pela doença, agora a população luta para não morrer de fome, diante da elevação nos preços dos alimentos da cesta básica. 

Como boa parte dos insumos utilizados no Brasil estão atrelados ao dólar, o aumento na moeda americana fez com que os custos de produção agrícola subissem, levando os preços do arroz e do óleo, por exemplo, às alturas. Há quem defenda intervenção do Estado nos preços, eu preferiria apostar em um plano de ação mais direcionado às cadeias produtivas e à fiscalização dos estabelecimentos.

Em relação às medidas de amparo social adotadas durante a pandemia pelo Governo Federal, continuo insistindo que a política de concessão do Auxílio Emergencial fora feita de forma muito desorganizada, privilegiando alguns e deixando a maioria sem receber o benefício. Não dá pra esquecer que em meio a toda essa situação os parlamentares ainda queriam aprovar a todo o custo, um aumento para o funcionalismo público (o mesmo funcionalismo que ficou em casa, recebendo salários, enquanto eram servidos pelos motoristas de aplicativos). 

Ainda sobre o Auxílio Emergencial: conheço várias pessoas que não precisam desse subsídio que tiveram seus cadastros aprovados pelo sistema da Caixa, enquanto outras simplesmente ficaram "a ver navios" como diz o bom e velho adágio popular. No Pará, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PA) estima que R$ 12 MI foram distribuídos indevidamente no Estado (é mole?). Isso prova o tamanho da ineficiência do Estado brasileiro no suprimento das necessidades do cidadão, sem falar na pandemia de corrupção que aproveitou a desculpa do sr. corona para abocanhar o seu "quinhão". 

Bom...na hora de arrecadar o Governo é rápido e eficiente, vive sempre muito bem articulado com seus sistemas sofisticados de retenção de imposto na fonte (basta olhar os rodapés dos seus cupons fiscais que você vai se dar conta de quanto está pagando), mas na hora de atender ao interesse público, o contribuinte é tratado com enorme desrespeito. 

Não faz muito tempo, denunciei no Jornal Folha 390, a humilhação da população nas filas gigantescas formadas nas mediações da agência da Caixa Econômica em Capanema, que em meio ao sol quente, aguardava desde a madrugada, um atendimento para suas demandas.

Enfim...na tentativa de evitar um maior endividamento público, o Ministro da Economia decidiu reduzir ainda mais o valor do auxílio para R$ 300,00 (trezentos reais). Não precisa nem ser especialista para saber que com R$ 300,00 é impossível sobreviver!

Indignada, a população provoca qualquer político a tentar passar o mês com esse dinheiro no bolso. É óbvio que os nobres parlamentares morreriam só em sonhar com um pesadelo desse. 

Enfim, o Brasil é o país da corrupção e dos privilégios, mas também do futebol, da cerveja e do samba. O povo que se cuide!

Antonio Victor é professor, jornalista e palestrante.